É verdade que as mulheres temem a matemática?
A matemática é cercada por mitos e questionamentos, principalmente no que tange o seu aprendizado. Destacam-se falas como: “matemática é difícil”, “nem todas as pessoas são competentes para alcançar esse conhecimento”, “homens possuem mais facilidade para aprender matemática do que as mulheres”. Sendo esta última, um reforço de uma crença na superioridade de gênero.
Diversas pesquisas apontam desigualdade de gênero nas disciplinas de áreas das ciências exatas, segundo um levantamento feito pelo Quero Bolsa, a partir dos dados obtidos pelo teste vocacional da plataforma, foi verificado que 51% dos homens brasileiros possuem inteligências características da área de exatas, enquanto 34% das mulheres possuem tais habilidades.
Em 2019, uma pesquisa realizada em parceria com a Inteceleri, observou através de aplicação de testes de cálculo mental, envolvendo as quatro operações básicas para alunos do 2º e 6º anos escolares do ensino fundamental de duas escolas distintas, na cidade de Belém, 42,9% do grupo composto por meninas e 57,1% composto por meninos, ilustrou que as meninas possuem potencial para a realização de cálculos mentais de matemática apresentando resultados melhores do que os meninos nas duas escolas.
A sociedade desde cedo promove diferenças entre meninos e meninas, isso se reflete na otimização dos tipos de inteligências desenvolvidas. Estímulos externos e sua criação exercem influência no desenvolvimento dos tipos de inteligência. É preciso que as meninas tenham a mesma chance desde a infância para começar a se interessar pela área de exatas ou de humanas por escolha própria, não porque são orientadas involuntariamente a distanciar-se dos números “porque elas não vão conseguir”
Não existem evidências biológicas que mostrem que as mulheres possuem limitações em relação às habilidades matemáticas, e sim percebe-se que há uma falta de incentivo às mulheres para seguirem nesses campos, e isso pode estar relacionado ao papel que se espera que a mulher assuma na sociedade.
Portanto, as mulheres não nascem temendo a matemática, mas os estereótipos de gênero fazem com que temam. Assim, é fundamental que haja um rompimento com preconceitos de gênero relacionados à matemática e principalmente ocorra uma transformação estrutural e cultural na escola e na sociedade.